The Post - Instituto Lisondo

The Post é um filme que vale à pena ser assistido. Salta aos olhos o debate oportuno sobre o papel das mídias; o propósito que as move e o alicerce no qual se fincam ( afinal : do que se trata e como efetivamente se dá a liberdade de expressão numa sociedade dita democrática). Mas essa é apenas uma entre muitas leituras. Como o filme retrata a história específica do ” The Washington Post” em dado período ; o filme retrata uma Organização Familiar às voltas com transições ( abertura de capital) ; com trágicas experiências ( o suicídio); com inseguranças ( se há algo bonito na atuação de Meryl Streep é a clareza com que vemos a transformação de Kay Graham – uma mulher hesitante e desconfortável com a posição que lhe cabe tornar-se autorizada a exercer a sua liderança com firmeza) . Outra maneira de descrever o filme seria: é sobre tomar decisões. Ou ainda : realça o que há de angustiante e solitário nessa experiência. Fácil é julgar os dias de ontem nos dias de hoje . Autorizar a publicação de um dossiê no qual se revelam anos a fio de mentiras do governo dos EUA ou não? É esse o grande impasse. Sabe-se que outro jornal de sólida reputação( NYT) já sofreu sanções ao faze-lo. Noticiar ou não noticiar – eis a questão. Permitir a publicação dos ” Pentagon Papers” seria cercear as condições da empresa existir ou seria garantir que se mantenha viva ? Afinal : a serviço do que estão as Organizações ? De serem fiéis aos seus clientes ou simpáticas aos seus investidores? Interessante notar que para tomar a sua decisão Kay apoia-se nas origens da organização: seus valores. Encontra forças quando projeta o sentido de Legado e Transmissão. Na cama com a filha pede ajuda para lembrar do discurso após o suicídio do marido no qual prometeu ser guardiã dessa continuidade : de não abandonar o que fazia ” The Post” ser o ” The Post” .
Há um diálogo particularmente interessante entre o editor -chefe (papel desempenhado por Tom Hanks) e sua esposa. Ela manifesta-se impressionada com a coragem de Kay . Ele alega também ser corajoso. Ela prossegue: “você vai ganhar mais fama com esse caso e , em breve, terá outro emprego. Ela pode perder tudo que herdou” . The Post não é só um patrimônio, um jornal. É um símbolo de sentido; história; vocação e identidade. É diferente ser um executivo do que ser um executivo familiar . É sempre bom lembrar …

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