Na semana passada assistimos desolados o Museu Nacional em chamas . Perdas incalculáveis nos mais diversos campos do Conhecimento – fósseis ; múmias; artefatos de antigas civilizações; obras raras. Pesquisas interrompidas: fez-se cinza do que eram objetos de estudo. Tratados de antropologia: Professores que doaram os seus escritos; bibliotecas e produções . Tudo virou pó.
Em seguida, a frenética busca de culpados, responsáveis ; circunstâncias adversas; planos de ação futuros … uma profusão de vozes e sentidos às voltas com o Devastador : o prédio em ruínas como doloroso espelho de nossa ignorância com aquilo que nós é próprio e fundamental: a nossa história. Quantos de nós conhecia a ” mais antiga instituição científica do Brasil ” ? Um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas? O lugar onde morou D. João 6° ; passeou D. Pedro e foi assinada a Independência?
Muito já se disse do descaso; omissão; criminosa negligência que percorre também uma longa trajetória . Salta aos olhos que o ultimo presidente a pisar no prédio tenho sido Juscelino Kubitschek que deixou o poder há 58 anos. Creio que a tragédia anunciada revela questão relevante: em que medida o passado ; a história ; a memória têm destaque e é alvo de nosso interesse, de nosso investimento?
Uma empresa Familiar é uma Organização atrelada à saga de uma Família. E compreender sua história e passado é a condição de mantê-la viva. Ou seja, é o que permite criar um elo de sentido e de protagonismo em face do que se herda; do que se cria e do que se faz com aquilo que nos antecede e constitui. A obra: “H. Stern – a história do homem e da Empresa” de Consuelo Dieguez oferece um instigante caso para pensar nessa visionária e singular Empresa Familiar brasileira. E na sua relação com a sua própria história – a perseguição judaica; a guerra; o olhar estrangeiro…
Certa vez ouvi de um jovem pertencente a uma Empresa Familiar japonesa a história de sua trajetória ( iniciada no interior de São Paulo) . Contava de um impasse do fundador : o dinheiro era escasso e precisava decidir entre comprar mais terras para cultivar suas verduras ou um pequeno apartamento em São Paulo no qual os filhos poderiam estudar posteriormente . Optou pelo apartamento em São Paulo – embora isso tenha resultado em importantes privações a curto prazo. O seu mantra : ” quero meus filhos mais preparados do que eu”. O jovem relatou ainda que a cada impasse e tomada de decisão o caso era revisitado como fonte de inspiração. Orgulhavam-se da capacidade de tomar decisões não pressionados pelo horizonte de curto prazo e do fundo criado para fomentar o estudo de todos. Cultivar a memória do passado é ter referências para viver o presente e projetar o futuro. Afinal, como diz Goethe – “Aquilo que não se compreende não se pode possuir “.
Héctor Lisondo
O Instituto Lisondo é uma Consultoria Boutique fundada em 1998 com o propósito de promover o desenvolvimento de pessoas e empresas através de propostas customizadas e bifocais (aspectos técnicos e humanos simultaneamente abordados).
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