Guimarães Rosa é referência emblemática na paisagem da Literatura Brasileira e Internacional . Conhecemos ” Grande Sertão: Veredas” ; ” Primeiras Estórias” ; ” Sagarana” entre outras obras. No entanto, há escritos que desconhecemos , como, por exemplo: ” Os Diários de Hamburgo” (correspondentes ao período no qual o escritor foi cônsul na cidade alemã entre 1932 e 1942).
Pensar no destino das obras de Rosa após a sua morte é pensar nos seus herdeiros: nos seus impasses e desentendimentos. As obras de Rosa são publicadas por editoras diferentes justamente em função de uma divisão entre os herdeiros: os correspondentes ao seu segundo casamento ( com Aracy Moebius de Carvalho) formam um grupo enquanto as filhas do primeiro casamento formam outro.
Uma interessante reportagem da Folha publicada em 11/01/19 oferece mais elementos para pensar o caso: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/02/grande-sertao-veredas-tem-nova-edicao-e-herdeiro-diz-que-ineditos-podem-sair.shtml.
A coesão entre sócios no decorrer do tempo é temática preciosa para a Empresa Familiar. Não escolhemos nossas ascendências nem heranças. As filhas e filhos do primeiro e segundo casamento de Rosa são convocados a pensar no que fazer com o Patrimônio herdado: sua incalculável obra. A reportagem acena que netos e netas também já estão na jogada. Para o bem e para o mau têm a prerrogativa de algo decidir . E vale lembrar que não há escapatória. Muitos de nossos clientes dizem: ” mas eu não decidi nem escolhi nada. Não quis me meter” . Há uma clara escolha nesse posicionamento : omissão, distância, silêncio. Sempre escolhemos . Convém estar ciente disso.
Os inéditos de Rosa não podem ser publicados até que os herdeiros alcancem algum tipo de consenso sobre a partilha dos direitos. Parece que se encaminham nessa direção, segundo a matéria ( acima referida). Interessante notar que Rosa faleceu em 1967 e seu inventário está aberto até hoje (corre em segredo). É um processo de mais de 50 anos! É incalculável o preço que se paga por rachaduras no sistema de coesão societária entre membros herdeiros de um dado Patrimônio, de uma dada Família. O investimento em pavimentar esse cuidado é atitude sábia. E começar quando tudo ” vai bem ” é muito mais fácil do que em momentos de esgarçamentos nas relações, maiores complexidades na composição das famílias e uma larga história de desencontros.
Héctor Lisondo
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