Em 15/05/21 o Instituto Lisondo debateu com o grupo ” Empreendendo a Família” o filme ” O Clã”. O filme é dramático e ilustra um caso real de uma família cujo negócio foi criminoso. O filme escancara situações extremas de perversão, de narcisismo, de negação… Freud nos ensina que não é possível estabelecer uma fronteira rígida entre o universo descrito como “patológico” do universo compreendido como ” normal”. Em alguma medida, somos todos atravessados em menor ou maior grau pela incidência desses elementos. O mesmo se aplica às dinâmicas nas famílias- daí a pertinência do filme.
Já tivemos a oportunidade de discorrer sobre o filme em outro texto: Raízes e Transformação na Empresa Familiar: Reflexões a partir do Filme ” O Clã” – Instituto Lisondo. No debate do dia 15/05, realçamos outros elementos da trama. A noção de ” Complexo Fraterno” ( tema explorado pelo psicanalista René Kaes) inspirou comentários acerca das dinâmicas presentes entre os irmãos. Destacou-se a diversidade de destinos e processos identificatórios que resultam em distintas respostas e saídas diante dos mandatos de uma família extremamente comprometida. Também refletiu-se sobre a especificidade de um filho mais velho a partir da situação de Alex retratada na obra. A expressão ” delegado parental”- cunhada de Kaes- é oportuna ao descrever como essa figura recebe de modo muito intenso a expectativa de fazer cumprir os ideais dos pais. Alex quer recusar os apelos do patriarca e da família mas se vê incapaz de sustentar esse destino. Em certo momento abdica de fazer parte dos processos do crime mas recruta o irmão para representá-lo.
Muito mais o filme e o debate permitiram pensar e explorar. A natureza paradoxal de uma comunicação às avessas típica de um grupo que se organiza pelo processo de denegação ( “eu sei, mas me recuso a encarar o sabido”) também foi mencionada. O Clã Puccio organizou-se no mito de serem salvos e protegidos pelo pai. Embora os personagens percebessem o horror na extensão da casa, evitavam efetivamente assumir a tenebrosa verdade do crime. ( Exceto um dos filhos que consegue de fato romper com esse pacto maldito). Em dado momento a filha Adriana se desespera e expressa o desgosto com o contexto vigente. No momento seguinte, beija carinhosamente o pai. A sedução do dinheiro, o noivado de Alex, e a família como um ” Eu mesmo esparramado e complexo” ( citação do Romance ” Antônio” de Beatriz Bracher) foram outros dos temas abordados. Segue o vídeo para quem desejar acompanhar o debate na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=dYvVAeUjhxc.
Agradecemos o convite e aos participantes pelo rico intercâmbio.
Héctor Lisondo
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