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A partida de Luiza Trajano Donato
fundadora do Magalu

Em 12 de fevereiro faleceu a empresária Luiza Trajano Donato aos 97 anos de causas naturais. Ela não teve filhos e apontou a sobrinha – afilhada – xará ( cuja escolha do nome influenciou) Luiza Helena como sua sucessora nos negócios. Aqui já se evidencia um aspecto importante: o arranjo múltiplo de horizonte que uma família pode ter ao vislumbrar o processo sucessório. Não apenas a linhagem de filhos acena-se como possibilidade.

Outro tema instigante é o da nomeação. É muito comum que em Empresas Familiares os nomes se repitam nas gerações – e tal fenômeno transporta uma série de consignas conscientes e inconscientes. Ninguém escolhe o nome que recebe. Chegamos ao mundo ancorados por essa escolha de outros que é em si emblemática de muitas coisas ( ” En las Huellas del Nombre Próprio” de Juan Tesone é uma excelente indicação para quem desejar se aprofundar no assunto) . No caso de Luiza Helena: ” Já estava decidido que a menina iria se chamar Sônia. De saída para o cartório a fim de fazer o registro, Clarismundo (o pai) foi interceptado pela cunhada Luiza. ` Por que não a chamam de Heloísa Helena? Era o nome de uma cliente dela, muito simpática, querida, e soava bem. Lá se foi Clarismundo. Ao voltar, comunicou a todos que tinha aceitado a sugestão, mas contribuído com mais uma homenagem. A filha fora registrada como Luiza Helena. A tia não se conteve de satisfação, assim como as outras irmãs“, relata Bial no livro: ” Luiza Helena – Mulher do Brasil ( Editora Gente, 2022).

Essa personalidade, ícone do mundo do varejo foi marcada antes de nascer pelo nome de uma cliente significativa para sua tia… a centralidade do cliente no negócio é desde sempre parte do DNA do grupo. Em 1957, após casar-se, Luiza empenha o que tem junto com o marido Pelegrino José Donato para comprar a loja ” A Cristaleira” no centro de Franca. O nome soava ultrapassado e ela decide promover um concurso na rádio local Hertz: o ouvinte que sugerisse o nome mais votado ganharia um sofá. Venceu Magazine Luiza. Igualmente interessante é pensar no processo de nomeação dos negócios que cada família conduz. Não só Luiza Helena, mas também o nome Magazine Luiza são pautados literalmente pela figura viva de clientes reais. Sempre válido sublinhar que no final da década de 50, início dos anos 60 o papel da mulher estava longe de ser associado com os atributos da autonomia, protagonismo e competência. ( É de 1962 o Estatuto da mulher casada. Apenas em 1977 é aprovada a lei do divórcio: De incapaz a livre: a evolução dos direitos da mulher na família – AzMina).

O compromisso social também faz-se notar na trajetória do grupo. Não foram consultores externos que motivaram o investimento na Santa Casa de Franca ( embrião do Hospital do Câncer da cidade) mas a observação do contexto das pessoas no entorno do grupo. Ao saber que um colaborador chave, Hermínio, estava com câncer e era obrigado a viajar 270 km de Franca até Barretos uma vez por semana, Luiza e o marido decidem transformar esse quadro.

Luiza passou o comando da rede para a sobrinha em 1991 depois de um confronto com o marido que não aceitava a sobrinha na posição, por machismo. ” Tem que ser honesto, o que é obrigação, não é qualidade, e tem que ser boa para pagar. Tudo isso é obrigação da gente” dizia a pioneira.

Quem já ouviu a Luiza Helena também já teve a oportunidade de constatar a simplicidade sofisticada do processo sucessório em curso na sua geração e a escolha de Frederico Trajano como CEO do grupo. Faz lembrar a fórmula enxuta da eficácia dos 3C´s : Comando, Combinado e Competência como ingredientes decisivos para o devir das organizações familiares.

Luiza permanece viva. Ainda bem.

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A ÓTIMA Estratégia e Gestão é uma empresa de Consultoria e Treinamento de Gestão, nas áreas de Planejamento Estratégico, Sistemas de Gestão, Treinamentos e Projetos de Melhoria Lean 6 sigma. Tem como foco o desenvolvimento de projetos que tragam ganhos significativos em produtividade, qualidade e redução www.otimaeg.com.br

ROGÉRIO YUJI TSUKAMÓTO

Prof. e coordenador dos programas de Gestão de Empresas Familiares (EAESP-FGV/SP); Prof. de Empreendedorismo, História Empresarial e Sucessão Familiar em programas executivos da USP, Fundace e INEPAD; Membro do IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa Mestre em Business Administration pela The Wharton School of the University of  Pennsylvania (EUA). Um dos mais renomados consultores, em planejamento sucessório para empresas familiares em diversos segmentos, como: Cosan, Petróleo Ipiranga, O Boticário, Tigre, Ajinomoto, ABERT (Rádio e TV), ABRAS (Supermercados), SindPetro e muitas outras. info@gestare.com.br

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O Instituto Lisondo é uma Consultoria Boutique fundada em 1998 com o propósito de promover o desenvolvimento de pessoas e empresas através de propostas customizadas e bifocais (aspectos técnicos e humanos simultaneamente abordados).

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