Um edifício que se confunde com a imagem da selva em Camboja. Ruínas invadidas por troncos; folhas; raízes. A natureza toma posse do abandonado e uma configuração inédita se apresenta – um ponto turístico fascinante se faz no templo budista. A floresta frondosa enuncia séculos desse processo. Com força revela também os mistérios das civilizações – seus destinos, escolhas e segredos. A imagem também poderia ser pensada como o futuro e o presente infiltrando as fissuras do passado? E não é vertigem e assombro o que está em jogo na assimilação profunda de que: ”nada do que foi será. De novo do jeito que já foi um dia”?
A seguinte entrevista de Leopold Nosek para a rádio CBN sobre a sua obra: ”A Disposição para o Assombro” (Editora Perspectiva) oferece luz para explorar algumas ideias: http://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/151451/para-aprender-alguma-coisa-e-preciso-se-assombrar.htm
O nosso trabalho está fincado no campo do Desconhecido: não há receitas prontas nem fórmulas mágicas para uma trajetória promissora e criativa no território de uma Organização Familiar ou na jornada pessoal – profissional de cada um . ” Todos lidamos com a modificação para o atual ” diz Nosek.E isso sempre nos desafia com o território do inédito, e, portanto, assombroso.
É interessante notar que o autor associa a noção de patologia com a repetição automatizada na qual não brota a novidade. O assombro atravessa a condição humana. E, ainda bem – pois é o que abre espaço para respostas inéditas, autoria e criação. Claro: desde que o abismo não desespere. Desde que exista uma retaguarda que ofereça condições para o pensamento. Retaguarda essa que consiste no campo da Cultura; da arte em suas diversas expressões; em grupos de pertinências; etc. Vale notar que uma das nossas observações é a de que frequentemente membros de Organizações Familiares, em face do assombro, isolam-se e fecham-se. Não conseguem se beneficiar do que o grupo e um membro poderia oferecer ao outro como condição de atravessar essa dura experiência: a passagem do tempo ; o esgotamento de dado produto / serviço; os resultados preocupantes; a percepção de que tradições e antigos modelos são precários para responder ao que se apresenta na atualidade.
Voltemos à foto de Camboja. O extraordinário mutualismo entre pedra e seiva; raiz e teto nunca se daria em um templo que não tivesse sido abandonado. É encanto pelo assombro o que a imagem traduz.
Héctor Lisondo
O Instituto Lisondo é uma Consultoria Boutique fundada em 1998 com o propósito de promover o desenvolvimento de pessoas e empresas através de propostas customizadas e bifocais (aspectos técnicos e humanos simultaneamente abordados).
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