O Instituto Lisondo é uma Consultoria afinada com a perspectiva psicodinâmica e sistemas ( Escola de Tavistock) . Isso quer dizer que os consultores não se enxergam como figuras neutras. Compreendem que são profundamente afetados pela experiência na qual estão em jogo dimensões conscientes e inconscientes. O que não é adverso. Pelo contrário, é justamente graças à isso que a travessia de ajuda pode ocorrer. Como ilustração: tempos atrás em uma intervenção com um cliente me vi absolutamente ” sem voz”, impotente para qualquer pontuação. Acessar esse estado foi justamente o que me permitiu uma profunda conexão com o ” clima” paralisante daquele grupo.

É comum discorrermos sobre Empresas Familiares e sobre Processos de Coaching. Nesse contexto, alguns elementos chave intrincados no binômio consultoria-cliente favorecem a proposta da consultoria: a oferta de experiências transformadoras. Destacaremos três desses elementos.

CONTRATO e SHARED ACCOUNTABILITY: A Consultoria na perspectiva da psicodinâmica e sistemas está atenta para expectativas mágicas e messiânicas por parte do cliente. Por um lado, é central para a sustentação do trabalho a crença de que alguma ajuda pode ser oferecida, a confiança de que o processo vale à pena. Por outro, é tênue a linha que transforma essa aposta e confiança em grandiosa expectativa. Debater o contrato de trabalho e a noção de resultados do processo é condição necessária para o sucesso do processo. Afirmar o ” Shared Accountability” entre o cliente e a consultoria institui que ambos são responsáveis pela experiência de transformação em pauta. Emergem questões como: O que se espera desse trabalho? Como será feito? Quanto tempo poderá necessitar? Quanto irá custar? Confidencialidade? Etc.

ARTIFICIAL CONFLICT / CONFLITO ARTIFICIAL: Muitas vezes o cliente apresenta a sua demanda e problemática de modo ” encobridor”, ou seja, traz uma questão ” artificial” que em tese o aflige sem que a mesma corresponda ao cerne nevrálgico da disfunção existente. Como consultores, não partimos do pressuposto de que o cliente se engana ou nos engana, mas também assumimos a postura de interrogação sobre a razão raiz do sofrimento expressada pelo cliente . Não raro, o ” conflito artificial” é uma manifestação do cliente às voltas com a dificuldade de acessar aspectos muito dolorosos, perturbadores. Esse é um exemplo de como as forças inconscientes incidem na intervenção.

MAKING SENSE OF EXPERIENCE/ INTEGRANDO A EXPERIÊNCIA: No decorrer do processo da Consultoria o cliente se dá conta de aspectos desconhecidos sobre si, sobre a organização, sobre as suas relações com os demais. O papel da Consultoria também é o favorecer a articulação entre essas descobertas e os desafios concretos/ objetivos no seu contexto.

Esse texto foi inspirado nesse vídeo no qual Valéria Lisondo discorre sobre a sua experiência no Programa Dynamics of Consulting