O filme Casa Gucci inspirou um instigante debate no fórum Empreendendo a Família. O Instituto Lisondo ( Héctor Lisondo e Valéria Lisondo) e a psicanalista Marina Ramalho Miranda foram convidados a tecer comentários e reflexões sobre o filme que retrata a dramática história dos Gucci. (Contém spoiler).
Em tempos de algoritmos e mensagens instantâneas de impacto, é rara a oportunidade de uma conversa que não seja breve. De um debate que não seja sucinto. Do exercício paciente de assinalar sutilezas e tecer articulações.
Marina Miranda compartilhou o seu estudo complementar ao filme. Ofereceu a sua vigorosa análise. A paleta de cores que acompanha as cenas com Patrizia ilustra a sua fina observação. A ideia da “ventilação psíquica” no seio de uma família empresária aponta o salutar trânsito do pertencimento a um grupo que não se dá de modo fanático. Ou seja, não é necessária uma adesão absoluta aos cânones do clã e nem tampouco acontece uma ferrenha oposição. A ” ventilação psíquica” seria como uma membrana semipermeável na qual é possível habitar um lugar de origem ao mesmo tempo em que o mesmo pode ser transformado.
O alcance das forças destrutivas dos Gucci também é revelador dos limites da razão e da lógica cognitiva. Os personagens pareciam sequestrados pela turbulência emocional de disputa, rivalidade, ressentimentos em muitas das decisões sabidamente ´prejudiciais ao grupo. Embora fosse óbvia a espiral ´problemática viciosa instalada no grupo, parecia impossível cessar o seu movimento.
A complexidade dos personagens também é ingrediente importante na trama. A transformação do personagem Maurizio é digna de nota: o rapaz pouco ambicioso, correto e feliz no modesto emprego inicial se transforma no executivo vaidoso de leviana ostentação ( pois confundem-se as finanças pessoais com as finanças da empresa).
O grupo Gucci é promissor e o filme demonstra a fragilidade de tal êxito: o negócio parece ser um ” gigante de pés de barro” suscetível às manipulações e conluios de visões e interesses díspares que não podem ser maduramente endereçados. Pelo contrário: os personagens atuam violentamente o que não podem conter nem metabolizar em um espaço seguro de confiança e continência. Em outras palavras, através de uma governança cuidadosa e eficaz.
Muitos outros elementos foram apresentados neste frutífero intercâmbio. Agradecemos o convite. Segue o link do debate na íntegra para os interessados:
Héctor Lisondo
O Instituto Lisondo é uma Consultoria Boutique fundada em 1998 com o propósito de promover o desenvolvimento de pessoas e empresas através de propostas customizadas e bifocais (aspectos técnicos e humanos simultaneamente abordados).
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