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Coaching : A questão do Papel e ” Institution on the Mind”

Vamos supor que nos perguntassem ” palavras- chave” sobre Coaching  . Nesse hipotético exercício sobre nossas observações e estudos, algumas coisas diríamos :  confiança; Tavistock ; papel; tempo; perguntas; ansiedade; maiêutica; aceleração; escolhas; sistema; fronteiras; autoridade; liderança; frustrações; psicodinâmica; aprender da experiência;  exaustão; ambiguidades…

” Eu tô te confundindo Prá te esclarecer” diria Tom Zé na sua brilhante canção ” Tô” .  E é de propósito. Porque não é fácil discorrer sobre assunto  tão em voga . No qual tudo parece caber (inclusive novela da Globo).   Seria modismo recente?

Daí o porquê de fazer alusão à Tavistock quando o tema é Coaching .  É importante, no nosso parecer, uma ancoragem que respalde e dê alicerces e sentidos para  os processos e práticas que se oferecem.  E há muitos anos  essa Instituição desenvolve  conhecimentos e reflexões sobre  temas caros ao Processo de Coaching: a noção de Psicodinâmica e Sistemas ;  o que é o humano na interface com Organizações ?  O que favorece  a capacidade de pensar? O  que obstrui esse processo?  Como emerge e se mantém a confiança entre as pessoas ?  Como é tênue a linha entre colaborar e disputar … e assim por diante.  Vale dizer que um marco importante para esses estudos  tem a ver com 2a Guerra Mundial e as Experiências com Grupos correlatas  conduzidas pelo psicanalista inglês Wilfred Bion nesse contexto.

Voltemos ao suposto “brainstorming”   acima sobre questões relacionadas ao Processo de Coaching.  Falemos de ” Papel” : a questão do(s) papel(is) (role) que a pessoa desempenha no sistema social no qual está inserida é tema da maior pertinência nesse caminho.  Em linhas muito gerais, podemos dizer que a psicologia foca o indivíduo, enquanto os sistemas se focam nas relações e regras que governam papéis. Um sistema seria um conjunto de relações limitadas por fronteiras e governado por regras desenvolvidas no decorrer do tempo. Vale dizer que um sistema abriga o caos – uma vez que nem tudo responde à lógicas coerentes e nem tudo corresponde ao explícito e declarado.  O fator de conexão é o papel. O papel compreende o local ou área que está na interface entre a pessoa e a organização, ou entre o individual e os sistemas sociais. O papel é um fenômeno que não existe no espaço individual; sempre está associado à existência do outro.

Não é incomum defrontar-se com uma expectativa ilusória do coachee que tende a supor a existência de domínios cindidos: o da vida pessoal, o da social e o da profissional, como se cada um desses registros pudesse se comportar como um sistema fechado. A abordagem sistêmica e psicodinâmica parte, ao contrário, de uma íntima imbricação entre essas esferas,  cada uma influenciando e determinando reciprocamente a outra. O trabalho de Coaching psicodinâmico está pautado nesse pressuposto, dado que um dos seus constituintes essenciais é a dinâmica das emoções.  E, estas, por sua vez, perpassam as fronteiras, se interpenetram;  se inter e intra-influenciam .  Portanto, falamos em complexidade quando falamos de ” Papel” .

Também existem bordas ou fronteiras no domínio da “mente” na empresa. Gouranga P. Chattopadhay propõe imaginar a organização como metáfora de uma pintura dentro de outra pintura. A maior, que contém a outra, é o sistema onde trabalhamos e atuamos. Esse sistema tem objetivos,  metas, recursos e, por meio dos seus processos os transforma para, depois, “exportá-los”  para o ambiente ( através de suas fronteiras). Essa é a “institution on the mind”. A segunda imagem é a da empresa em si mesma, ou seja, a maneira em que todos os recursos institucionais estão relacionados uns aos outros, incluindo as pessoas na rede de papeis desempenhados, de tal maneira que o processo de transformação se realize com o menor desperdício de recursos, adicionando valor aos produtos/ serviços finais. Essa dualidade é parcialmente consciente e inconsciente-  o que pode produzir ansiedade. Isso porque envolve uma experiência ou percepção de condições contextuais de bordas situadas em dois domínios: o interno e o externo.

São condições externas de borda os objetivos, metas da instituição e as tarefas necessárias para atingi-los. Para ser sustentável a organização deve cumprir suas tarefas e objetivos dentro de limites de tempo e espaço qualidade e quantidade, utilizando outros recursos como matéria prima, máquinas, tecnologia e dinheiro.

No lado interno da fronteira contextual estão os recursos internos das pessoas:  habilidades e conhecimentos, sentimentos e emoções, valores e atitudes, pressupostos. A presença ou ausência, a qualidade e quantidade dos dois conjuntos de fatores (recursos), atuam e influenciam continuamente um ao outro. Por exemplo, a experiência de conceber o tempo como um recurso ilimitado, provavelmente alongará demais os ciclos das tarefas resultando em falhas na consecução de objetivos ou metas. Ao contrário, quando o tempo é percebido como um recurso muito escasso pode acarretar muita ansiedade e baixa qualidade da execução. Por outro lado, ansiedade no engajamento de um serviço ou trabalho pode levar a assumir prazos de execução irreais. Portanto, a existência de condições de borda apropriadas onde as pessoas se engajam com as tarefas é uma condição essencial para o sucesso das organizações. Esse processo de criar e manter condições apropriadas de fronteira entre as duas pinturas é definido como “gerenciamento” (Chattopadhyay, G.P, 2002). O que também se relaciona com Liderança.  Trata-se de um trade-off difícil de equilibrar. É também nessa fronteira onde o processo de Coaching pode oferecer um importante suporte .

 

Referências Bibliográficas:

Borwick, I. Organizational Role Analysis: managing strategic change in business settings. In Coaching in Depth. The organizational role analysis approach, Newton, J., Long S., Sievers, B. Karnac, London, 2006.

Sievers, B. , Beumer, U. Organizational Role Analysis and Consultation: the organization asinner object. In: Coaching in Depth. The organizational role analysis approach, Newton, J., Long S., Sievers, B. Karnac, London, 2006.

Biran, H. Organizational Role Analysis: using Bion´s binocular visión. In: Coaching in Depth. The organizational role analysis approach, Newton, J., Long S., Sievers, B. Karnac, London, 2006.

Chattopadhyay, G.P. A Fresh Look at Authority and Organization: Towards a spiritual approach for managing illusion. In Group Relations, Management, and Organization, p. 115, Oxford University Press, Oxford, 2002.

 

A Imagem abaixo também ilustra outra  referência valiosa para situar a Questão do Papel : o que se dá no entrecruzamento entre Pessoa; Contexto e Sistema – ou entre  Desejo; Conjuntura e Propósito.

 

 

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