A dinâmica dos grupos compreende complexas forças emocionais que dão forma à sua vida, desejos e tendências inconscientes que influenciam o processo grupal e delicadas redes de relacionamentos que os membros constroem entre eles. Da perspectiva da psicologia psicanalítica, uma aproximação com relação aos “processos inconscientes” pode auxiliar na descrição do que acontece nos grupos. Isto é, os membros de um grupo específico compartilham uma experiência emocional que frequentemente oblitera a experiência individual e que é disparada por um processo inconsciente único e diferente dos que caracterizam a vida mental dos indivíduos separadamente (Gabriel, 1999).
Considerado como um dos primeiros estudiosos dos grupos, o psicólogo francês Gustave Le Bon (1895) considerava que os grupos funcionam como entidades autônomas, mais do que como uma coleção de indivíduos. Segundo ele, de uma perspectiva psicológica, o grupo funciona como um ser provisório formado por elementos heterogêneos que, num determinado momento, são combinados – de modo semelhante ao que ocorre no campo da biologia, quando as células integram-se formando um organismo vivo, com características muito diferentes das apresentadas por cada célula individualmente. A teoria de Le Bon está apoiada em duas ideias principais: a primeira sustenta que os processos mentais do indivíduo são radicalmente alterados quando ele se sente membro de um grupo e compartilha a experiência emocional dos outros; e a segunda que, dentro dos grupos, as forças emocionais e inconscientes predominam sobre as forças da razão (Gabriel Y., 1999).
Para Freud, são os líderes quem mantêm os grupos integrados e coesos, nem tanto pelas suas ações e decisões, mas pela posição que eles ocupam na vida inconsciente destes e, portanto, nas fantasias de seus integrantes. Essa mesma convicção sobre a importância da liderança é também manifesta por estudiosos reconhecidos na área da administração de inovações organizacionais como Andrew H. Van de Ven (1986) e Rosabeth M. Kanter (1997). Para o fundador da psicanálise, a experiência emocional compartilhada dos membros do grupo está pautada pela identificação compartilhada com o líder. Freud também percebeu que, em determinadas circunstâncias, existem no grupo tendências para regressão, ou para involução na direção de estados mais primitivos (Gabriel Y., 1999).
Gabriel, Y., Organizations in Depth..Sage Publications, London, 1999.
Kanter, R. M. Quando os gigantes aprendem a dançar. Campus, Rio de Janeiro, 1997.
Van de Ven, A. H. Central problems in the management of innovation. Management
Science, U.S.A. Vol 32. No. 5, pg. 590. May, 1986.
Héctor Lisondo
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