Tanto a entrada quanto a saída de familiares na empresa familiar são, geralmente, processos traumáticos que demandam um tratamento sábio.
A entrada perturba necessariamente a ordem existente antes dela. Os cânones e referencias de relacionamento entre os que já ali estavam serão afetados. Fantasias otimistas e/ou ameaçadoras possivelmente emergirão nos espíritos das pessoas que ali estavam e que tinham construído paradigmas relacionais e culturais nos quais se sentiam mais ou menos seguros. Eles agora estarão observando o comportamento e principalmente o respeito do familiar entrante pelo seu modo de fazer as coisas. E principalmente estarão atentos a uma área particularmente sensível: o relacionamento entre o entrante e o líder/presidente que lhe abriu as portas, particularmente o sentido de justiça no reconhecimento das contribuições. Preferências e desequilíbrios afetarão a confiança de outros familiares eventualmente trabalhando na empresa e das “ figuras de confiança” não familiares. Por sua vez, o processo será traumático também para o familiar entrante. Inúmeras expectativas exigentes, mas não faladas pesarão sobre ele/a. Isso necessariamente produzirá ansiedade que possivelmente induzirá comportamentos inadequados. Em outras palavras, o familiar entrante poderá empenhar os seus esforços em oferecer respostas às expectativas dos demais e não às necessidades do sistema.
A saída da empresa de um familiar também requer sabedoria. Às vezes a saída é muito mais salutar que a permanência forçada de alguém que por motivos diversos não se adequa ao sistema. Frequentemente a frustração e o ressentimento acompanham esses momentos. Mas, se realizada com cuidado e maturidade, essa saída pode se confinar à empresa e não transcender para a família. Isto é: os vínculos afetivos são preservados e se mantém um ambiente criativo e de confiança. Nesse caso, ele/a poderá eventualmente contribuir de outra forma com os diversos e variados desafios que se apresentarão no caminho da família e da empresa.
O dinheiro também é tema sensível nesses fenômenos. Mesmo que exista uma Governança Madura e combinados sólidos acerca da mecânica da Remuneração; Distribuição de Dividendos e assim por diante. O dinheiro em uma Família Empresária pode ter uma roupagem que vai muito além da sua feição enquanto Recursos financeiros. É comum ser veiculado como moeda “ afetiva” e expressão de amor/ desamor.
Um ajuda externa qualificada pode ser essencial e fazer importante diferença nesses momentos da entrada e saída de familiares na empresa, pois a força das emoções presentes, como ressentimentos, culpas, frustrações, expectativas messiânicas etc., pode perturbar a razão dos atores e lesar o resultado futuro, e às vezes até o presente, da empresa.
Héctor Lisondo
O Instituto Lisondo é uma Consultoria Boutique fundada em 1998 com o propósito de promover o desenvolvimento de pessoas e empresas através de propostas customizadas e bifocais (aspectos técnicos e humanos simultaneamente abordados).
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